Quando o mapeamento do genoma humano terminou no início dos anos 2000, foi uma surpresa. Diferente do que se imaginava, temos uma quantidade relativamente pequena de genes. Se não é a genética que explica as inúmeras diferenças entre os seres humanos, o que seria? A resposta está na forma como nossos genes se expressam: a epigenética.
Em “Epigenética”, Richard C. Francis mostra numa linguagem simples como hábitos cotidianos e o ambiente em que vivemos podem alterar o “comportamento” dos genes sem modificar o código genético. Em cada capítulo, ele apresenta histórias de como a epigenética afeta a biologia humana. O caso que mais me chamou atenção foi o da fome holandesa, durante a Segunda Guerra Mundial:
No final da 2a Guerra, uma área da Holanda ficou isolada e, a população sofreu uma forte restrição calórica por escassez de alimentos. Como esse período foi muito bem definido, foi possível determinar exatamente os filhos nascidos de mães subnutridas.
Era esperado que a 1a geração apresentasse problemas de saúde, mas as gerações seguintes desenvolveram obesidade de forma consistente.
Um dos mecanismos epigenéticos é a metilação. Quando um radical metila se liga a um determinado gene, ele menos ativo e se expressa menos.
O gene dos holandeses responsável por regular a produção do hormônio do crescimento foi metilado. Essa foi a provável causa da obesidade observada nas gerações subsequentes.
O mais interessante é que, até o estudo da fome holandesa, ainda não se tinha observado uma característica epigenética ser transmitida entre gerações. Isso passou ser chamado de herança epigenética.
Nosso costume é sempre atribuir a genética alguma característica familiar. Por exemplo, quando um pai e um filho são obesos, estão sujeitos ao mesmo ambiente, e a epigenética pode ser a responsável por isso, não a genética em si.
Até o próximo livro na “cesta”.